Emissões veiculares e a qualidade do ar no entorno da Avenida Beira Mar Norte

Quando pensamos na Avenida Beira Mar Norte, associamos a atividades culturais e práticas esportivas. Do ponto de vista da mobilidade urbana, é uma das principais conexões entre a Ilha de Santa Catarina e o Continente, onde transitam milhares de veículos todos os dias. Isso levanta a questão do grau de exposição das pessoas à poluição veicular.

Em regiões do Brasil onde monitora-se a qualidade do ar, como na Região Metropolitana de São Paulo e na Grande Vitória, emissões provenientes do transporte viário representam uma das principais fontes de poluição atmosférica.

Neste contexto, o LCQAr produziu um estudo sobre a dispersão de poluentes provenientes dos veículos da Avenida Beira Mar Norte. A partir de dados de contagem de veículos que trafegam na Avenida e da correspondente estimativa de emissões, pôde-se simular a dispersão dos poluentes através do modelo de dispersão AERMOD. As concentrações obtidas foram comparadas aos limites estabelecidos pela legislação brasileira, que visa limitar os riscos da poluição do ar à saúde.

Sobre a dispersão de Dióxido de Nitrogênio (NO2), as concentrações máximas horárias no entorno da Avenida chegaram a superar em 170% os limites primários estabelecidos pela legislação brasileira (área em vermelho na figura abaixo). Os limites primários foram definidos como limites que, se ultrapassados, podem afetar a saúde da população. A concentração média aritmética anual também ultrapassou o limite da legislação. Na Figura abaixo ainda percebe-se que as emissões dos veículos da Avenida alcançaram diversos bairros, como Centro, Agronômica, Trindade, João Paulo, Itacorubi, Estreito, Coqueiros, Capoeiras e Abraão. Quando consideradas todas as fontes de poluição, a qualidade do ar pode ser ainda mais preocupante.

Considerando os efeitos epidemiológicos revisados pela Organização Mundial da Saúde e resumidos pela CETESB, as concentrações máximas encontradas estão associadas a agravos como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e na garganta, além de falta de ar e respiração ofegante em toda a população. Sendo que grupos sensíveis experimentam efeitos ainda piores. Sobre isso ainda é importante destacar que as pessoas utilizam a Avenida para fazer atividades que aumentam a taxa de respiração (caminhas, corridas e esportes no geral), aumentando a sensibilidade da população em geral.

O estudo apontado forneceu uma análise preliminar do impacto dos veículos na qualidade do ar. No entanto, para validar estes resultados, é imprescindível que o ar ambiente seja monitorado em pontos estratégicos da cidade, e que as demais fontes de poluição sejam conhecidas. Portanto, os próximos passos incluem inventariar todas as fontes da região e integrar modelos de dispersão ao monitoramento. Com isso, o diagnóstico da qualidade do ar pode ser, ao mesmo tempo, abrangente e próximo da realidade.

Créditos de imagem: acervo LCQAr, 2018.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate